Newsletter Abril 2024

Notícias, resumos de estudos, eventos extremos recentes, ativismo climático e recomendações

Olá!
Estamos de volta para te falar de algumas notícias e eventos importantes do último mês. Como sempre, se tiveres sugestões ou feedback podes enviar um email para info@linhavermelha.org.
Não te esqueças de ficar com atenção ao nosso site e redes sociais para saberes quando acontecerão os nosso próximos eventos e vem tricotar (ou crochetar) connosco por justiça climática!

Até breve,
João e Carolina

Nota: Todas as palavras sublinhadas são links externos, fontes de notícias, estudos, ou outras referências.

A Shell abandonou uma meta climática fundamental para 2035 e enfraqueceu outra meta para 2030, de acordo com a sua mais recente “estratégia de transição energética”

A petrolífera atualizou a sua meta de reduzir as suas emissões totais de todos os produtos energéticos que vende aos clientes em 20% entre 2016 e 2030. A redução está agora fixada entre 15-20%.

Isto equivale a uma aposta contra o cumprimento mundial dos objetivos climáticos, com a Agência Internacional de Energia (AIE) e outros a concluírem que não são necessários novos investimentos no sector dos combustíveis fósseis para limitar o aquecimento global em 1,5ºC.

O enfraquecimento dos objetivos climáticos da Shell, a segunda maior empresa mundial de petróleo e gás, surge depois de a BP também ter reduzido os seus objetivos de reduzir emissões, no ano passado.

Carbon Brief, 14/03/2024

Os países estão a subestimar as suas emissões, colocando em risco os objetivos da ONU

Os dados fornecidos às Nações Unidas e publicados nos websites dos governos estão normalmente desatualizados, inconsistentes e incompletos.

Na China, as incertezas em torno das suas emissões de dióxido de carbono provenientes da queima de carvão são maiores do que as emissões totais de muitos dos principais países industrializados.

Nos Estados Unidos, uma análise publicada este mês sobre o ar dos campos de petróleo e gás do país, descobriu que estes emitem três vezes mais metano do que o relatado pelo governo.

Yale Environment, 21/03/2024

A companhia aérea holandesa KLM enganou os clientes com vagas reivindicações verdes, decidiu um tribunal

A companhia aérea holandesa KLM enganou os clientes com vagas alegações ambientais e pintou “um quadro excessivamente otimista” do seu combustível de aviação sustentável, concluiu um tribunal.

O tribunal também teve como alvo a apresentação da companhia aérea das suas políticas sobre combustíveis de aviação sustentáveis, uma solução vital mas incipiente para as emissões do sector, e a plantação de árvores, que é vendida como forma de compensar as emissões de um voo. “Estas medidas reduzem apenas marginalmente os aspetos ambientais negativos e dão a impressão errada de que voar com a KLM é sustentável”, decidiu.

Guardian, 23/02/2024

Março bate recorde de temperatura global pelo décimo mês consecutivo

O mês passado foi o mês de março mais quente já registado, tornando-se o décimo mês consecutivo a quebrar recordes.

A temperatura global do ar foi 0,73°C acima da média de Março de 1991-2020, de acordo com o serviço climático da UE, e 0,10°C acima do máximo anterior estabelecido em Março de 2016.

Euronews, 09/04/2024

Foi registada uma temperatura de 38,5ºC no lugar mais frio da Terra

No dia 18 de março de 2022, cientistas da estação de pesquisa Concordia, no planalto oriental da Antártida, registaram o maior salto na temperatura já medida num centro meteorológico da Terra. De acordo com os seus instrumentos, a região registou nesse dia uma subida de 38,5ºC acima da média sazonal: um recorde mundial.

Guardian, 06/04/2024

Mais de 80% dos subsídios agrícolas da UE apoiam produtos animais com emissões intensivas

A grande maioria dos subsídios agrícolas da UE apoia a produção de carne e laticínios, em vez de alternativas vegetais sustentáveis. Esta é a principal conclusão da nova investigação, publicada na Nature Food, na qual, pela primeira vez, foi conseguido contabilizar integralmente as culturas e outras plantas cultivadas para alimentação de animais.

O estudo constata que 12% do orçamento acaba por subsidiar o preço das exportações para países terceiros. Talvez surpreendentemente, muitas destas exportações dirigem-se para países ricos.

The conversation, 03/04/2024

O Porto atingiu taxa de reciclagem recorde de 43% em 2023

O município do Porto atingiu em 2023 uma “taxa de reciclagem recorde de 43%”, tendo cada portuense separado 78 quilos de resíduos de embalagens nesse ano em que foram também recolhidos mais de 10 mil toneladas de resíduos orgânicos.

“O Porto superou todas as metas de reciclagem em 2023, com cada portuense a separar, em média, cerca de 78 quilos/hab.ano [por habitante e por ano] de resíduos de embalagens face ao objetivo de 60 quilos/hab.ano, o que permitiu atingir uma taxa de preparação para a  reciclagem de 43%, bem acima dos 31% estabelecidos como meta nacional”, afirma em comunicado, a autarquia.

Greensavers, 08/04/2024

África

Nas últimas semanas chuvas intensas têm afetado o leste de África e provocado cheias no Quénia, Tanzânia e Burundi. Às perdas na agricultura e estragos em infraestruturas somam-se mais de 100.000 pessoas deslocadas na região. No Quénia, onde na semana passada uma barragem cedeu com a intensidade das chuvas, já morreram mais de 76 pessoas desde o início das monções e as autoridades advertem para a possibilidade de haver ainda mais perdas de vidas e estragos.

No Zimbábue foi declarado o estado de emergência devido à seca. Nos últimos meses, a precipitação foi abaixo da média em mais de 80% do país.

Europa

Mais de 100.000 pessoas receberam ordens de evacuação na Rússia e no Cazaquistão devido a cheias provocadas pelo derretimento da neve. São as piores cheias na região em 70 anos.

América

A Venezuela foi atingida por um número recorde de incêndios florestais naquele que é o maior número registado desde 1999. Toda a região amazónica tem sido afetada por secas severas.

Ásia

Um tornado provocou 5 mortes e 33 pessoas feridas na província de Guangzhou, na China. Na semana anterior a mesma região tinha sido afetada por chuvas torrenciais que provocaram as piores inundações desde 1950.

Após um inverno anormalmente seco no Afeganistão e Paquistão, as cheias continuam a causar estragos nesta região. Registaram-se 135 mortes e estragos em mais de 40.000 hectares de produções agrícolas.

O Dubai foi atingido por chuvas torrenciais causando inúmeros estragos. Este é o evento mais extremo deste tipo em 75 anos.

A indústria petrolífera tem procurado bloquear o apoio dos governos a tecnologias verdes desde 1960

Uma pesquisa mostra que a indústria petrolífera faz lobby contra o apoio a painéis solares e carros elétricos, ao mesmo tempo que desfruta de subsídios a esses produtos.

A pesquisa documentou dezenas de exemplos de pressão exercida pela indústria petrolífera sobre os governos para que restringissem o apoio às energias renováveis e enfraquecessem as regras ambientais que favoreciam a sua adoção.

Algumas das maiores empresas petrolíferas do mundo investiram em projetos de energia renovável e argumentaram que podem liderar a transição para uma economia neutra em carbono mas um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) de Novembro concluiu que as empresas de petróleo e gás representavam apenas 1% dos investimentos em energias renováveis. 

Guardian, 08/03/2024

Apenas sete países cumpriram aos padrões de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde em 2023, conclui um relatório

O Bangladesh era o país mais poluído do mundo em 2023, com níveis de poluentes atmosféricos mais de 15 vezes superiores ao nível anual seguro recomendado.

Apenas sete países no mundo – menos de 4% – tinham níveis de qualidade do ar iguais ou inferiores à média anual saudável recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2023.

Exceções feitas para Austrália, Estónia, Finlândia, Granada, Islândia, Maurícias e Nova Zelândia, todos os países ultrapassaram o nível anual no ano passado, disse a organização suíça de qualidade do ar IQAir no seu relatório anual com várias regiões a registarem níveis de poluição altamente perigosos.

Earth.org, 30/03/2024

Os indicadores de alterações climáticas atingiram níveis recordes em 2023, diz um relatório da Organização Meteorológica Internacional

O estado do clima em 2023 deu um novo significado sinistro à frase “fora dos gráficos”.

Um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) mostra que os recordes foram mais uma vez quebrados, e em alguns casos esmagados, em termos de níveis de gases com efeito de estufa, temperaturas da superfície, calor e acidificação dos oceanos, aumento do nível do mar, cobertura de gelo marinho na Antártida e degelo dos glaciares.

A extensão do gelo marinho na Antártida foi de longe a mais baixa já registada, com a extensão máxima no final do inverno a ser 1 milhão de km2 abaixo do ano recorde anterior, que é equivalente ao tamanho da França e da Alemanha juntas.

Organização Meteorológica Internacional, 19/03/2024

As emissões de carbono ligadas às principais petrolíferas podem causar 11,5 milhões de mortes até 2100, alerta estudo

Segundo a análise da ONG Global Witness, as gigantes Shell, BP, TotalEnergies, ExxonMobil e Chevron poderão contribuir diretamente para 11,5 milhões de mortes excessivas por calor até 2100, devido às emissões de carbono produzidas até 2050.

Recentemente, ondas de calor intensas têm assolado quase todos os continentes, desencadeando incêndios florestais e causando centenas de milhares de mortes em excesso. Na Europa, mais de 60.000 pessoas sucumbiram ao calor abrasador em 2022, e as mortes relacionadas com o calor aumentaram 95% nos EUA entre 2010 e 2022.

As mortes por calor afetam principalmente os mais pobres e vulneráveis da sociedade, incluindo sem-abrigo, trabalhadores ao ar livre e idosos.

Global Witness, 20/03/2024

Um quinto dos alimentos produzidos pelo mundo em 2022 foi desperdiçado

O mundo desperdiçou cerca de um quinto dos alimentos produzidos globalmente em 2022, ou seja, 1.050 milhões de toneladas de comida, avançou um relatório das Nações Unidas.

O relatório mostra que, do total de alimentos desperdiçados, 60% (631 milhões de toneladas) provieram de famílias, enquanto 28% foram da responsabilidade de serviços alimentares e 12% do retalho.

Estes números podem ser colocados em perspetiva se tivermos em conta que o número de pessoas que sofrem de fome crónica em todo o mundo aumentou para 783 milhões em 2022.

Nações Unidas, 27/03/2024

Apenas 57 empresas estão associadas a 80% das emissões de gases com efeito de estufa desde 2016

Um relatório revela que muitos dos grandes produtores de combustíveis fósseis aumentaram a produção de combustíveis fósseis e as suas emissões em sete anos após o acordo climático de Paris.

Embora os governos se tenham comprometido em Paris a reduzir os gases com efeito de estufa, a análise revela que a maioria das empresas aumentaram a sua produção de combustíveis fósseis e as emissões relacionadas nos sete anos seguintes ao acordo climático, em comparação com os sete anos anteriores.

Na base de dados de 122 dos maiores poluidores climáticos do mundo, os investigadores descobriram que 65% das entidades estatais e 55% das empresas do sector privado aumentaram a produção de combustíveis fósseis. 

Guardian, 04/04/2024

Livro: The Climate Book, de Greta Thunberg

Podcast: Planet B – por Novara Media – Uma série de podcasts sobre um mundo que não é apenas salvo do colapso climático, mas também renovado e transformado pela luta.

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