O problema

Antes de tudo: Alterações climáticas são um problema diferente, embora interligado com a crise ecológica.

É um problema de excesso de Gases com Efeito de Estufa (GEE) na atmosfera. Esse excesso causa o aumento da temperatura média do planeta – o aquecimento global. A imagem em baixo, ilustra o efeito de estufa.

imagem: climate.nasa.gov/ – texto: Khan Academy

O clima global já foi muito mais quente e também muito mais frio, dificultando ou permitindo, estas variações, o aparecimento e manutenção dos vários tipos de vida existentes no planeta, seja ela vida animal, vegetal ou humana.  

Foi apenas nos últimos 10 mil anos que a temperatura, e o clima em geral, do planeta estabilizou. É o período do Holoceno. Atualmente, entramos no Antropoceno, que se caracteriza pela influência direta do ser humano no clima e nos ecossistemas do planeta. Se as emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) continuarem ao ritmo atual, a temperatura do planeta pode, até ao ano de 2100, chegar a 4º/5º C acima da média do século XX (15ºC), o que provocará grandes mudanças, não só nas nossas vidas, como também na vida de todas as espécies.

Concentração de GEE na atmosfera e o aquecimento global 

A estabilidade no clima alavancou o desenvolvimento da agricultura em várias zonas do planeta e proporcionou condições favoráveis ao crescimento da espécie humana.

Na imagem em baixo apresentamos as emissões de GEE dos últimos 800 mil anos. Convém teres em conta que o homo sapiens apareceu há cerca de 300/250 mil anos atrás.

E também deves ter em conta que a revolução industrial começou em 1760, sendo que foi nessa altura que se começaram a utilizar combustíveis fósseis em larga escala.

Como podes ver no seguinte gráfico, as variações de temperatura do planeta coincidem com as variações de emissões de GEE:  

De facto, os últimos anos têm sido os anos mais quentes e, todos os meses, há recordes de temperatura máxima a serem batidos em todo o planeta. A década entre 2010 e 2019 foi a década mais quente de sempre.  

FONTE: https://www.noaa.gov/news/2022-was-worlds-6th-warmest-year-on-record

O aumento da temperatura média do planeta tem como consequência direta o fenómeno das alterações climáticas que, por sua vez, aumenta a quantidade e intensidade de eventos naturais extremos, tais como secas, ciclones, cheias, etc. Alguns exemplos de recordes de temperatura e eventos extremos:  

  • Temperaturas chegam aos 54,4ºC em Death Valley na Califórnia (fonte
  • Ciclone Idaí, em Moçambique, afecta 500 mil pessoas na cidade da Beira. Moçambique não está, normalmente, nas rotas de ciclones ou furacões (fonte
  • No ártico siberiano, valores de 5°C acima da média e recordes de temperatura diária, como os 38°C em Verkhoyansk, a mais alta registada em qualquer ponto ao norte do círculo polar ártico (fonte
  • A temporada de furacões em 2020 terminou com um recorde histórico de 30 tempestades nomeadas e 12 que atingiram o continente dos Estados Unidos. A lista de nomes previstos foi ultrapassada e teve que ser utilizado o alfabeto grego, do qual quase 70% foi utilizado, chegando até a letra iota. Este é o maior número de tempestades registadas num ano, superando as 28 que ocorreram em 2005 (fonte
  • 2019 foi o ano mais quente na Rússia dos últimos 120 anos (fonte
  • Em janeiro de 2020 estiveram + 7º na Sibéria, quando as temperaturas normais rondam os 30º negativos (fonte
  • Em fevereiro de 2020, na Antártida, registaram-se temperaturas de 18,3ºC, superando em 0,8ºC o anterior record do ano de 2005 (fonte
  • Também em fevereiro de 2020, a Antártida registou um recorde de temperatura de 20,75ºC, ultrapassando pela primeira vez os 20ºC (fonte
  • No Colorado, nos EUA, num dia de setembro de 2020, estavam 34ºC e no dia seguinte nevou (fonte
  • Na Gronelândia atingiram-se temperaturas de -69ºC. É a temperatura mais fria registada no hemisfério norte (fonte). 

Infelizmente, estes são só alguns exemplos. 

Analisando as emissões de GEE ao longo do tempo, vemos que mais de metade de todas as emissões de GEE desde 1751 foram emitidas nos últimos 30 anos.

O papel das florestas e dos oceanos na captura dos GEE 

As florestas, para além de produzirem oxigénio, essencial para a vida, capturam dióxido de carbono (CO2), através do processo de fotossíntese, diminuindo assim a concentração de gases com efeito de estufa e o aquecimento global. Quanto maior for a planta ou árvore, mais carbono ela captura. Por exemplo, segundo a revista científica Nature, a Amazónia tem cerca de 16 mil espécies de árvores, mas apenas 182 espécies capturam a maior parte do carbono. Também os oceanos são um excelente regulador do clima do planeta, pois, para além de produzirem oxigénio (através das algas que neles habitam), também capturam a maior parte do CO2. 

Contudo, tanto os oceanos, como as florestas, estão a deteriorar-se e a perder a capacidade de capturar o excesso de GEE na nossa atmosfera. Por exemplo, na década entre 2010 e 2019, a Amazónia emitiu mais 18% de GEE do que capturou. Isto aconteceu, não só por causa da desflorestação, mas principalmente pela degradação da floresta. 

Os sectores mais poluentes 

Visto que as florestas e os oceanos não conseguem capturar a quantidade enorme de emissões que hoje em dia são realizadas, temos mesmo de reduzir o número de emissões. Como tal, importa saber de onde elas vêm, pelo que apresentamos de seguida quais os sectores que mais emissões produzem. 

A nível global: 

FONTES: https://www.ipcc.ch/report/ar5/wg3/   e    https://www.epa.gov/ghgemissions/global-greenhouse-gas-emissions-data    – 2015

As emissões a nível global, com mais detalhe: 

FONTE: https://www.wri.org/research/state-climate-action-2023

Em Portugal: 

Aqui podes também ver o inventário de todas as infraestruturas com mais emissões em Portugal.

Para entenderes a dimensão do problema, tens que saber isto:

No gráfico em baixo podes ver como as reservas de combustíveis fósseis existentes (apresentadas à direita) ultrapassam largamente o que podemos emitir para limitar o aumento de temperatura global a 1.5º C (apresentado na linha horizontal mais em baixo).

Fonte: oil change international – 2023

Isto significa que as empresas de combustíveis fósseis têm de deixar 40% das suas reservas de combustíveis fósseis, já em exploração, debaixo do solo, se queremos manter o aquecimento em 1.5ºC.

Que países têm mais responsabilidade nas emissões de GEE?

Na imagem seguinte estão listados os países com mais emissões históricas:

Além disto, temos que perceber que os países do sul global são os que menos contribuem para este problema e são os que já estão a sofrer com as suas consequências. Este infográfico, do The Guardian, mostra essas desigualdades. 

Porque é que é impossível resolver este problema individualmente (por uma questão de lógica e ética as pessoas devem mudar o que puderem nas suas vidas. Mas temos de ser honestos connosco próprios e não nos iludirmos a pensar que isso muda alguma coisa de estrutural).

Vejamos a escala do problema:

Num ano, a refinaria de Sines (que é pequena, a nível mundial) emite 2 359 050 t CO2eq, enquanto 5000 portugueses em 80 anos emitem 2 000 000 t CO2eq (eq=equivalente)

Porém, nem todas as pessoas têm a mesma responsabilidade. Na imagem em baixo podes constatar que:

50% das emissões globais são feitas por apenas 10% da população mais rica.
10% das emissões globais são feitas por 50% da população mais pobre.

As empresas de combustíveis fósseis sabiam desde a década de 70 que estavam a causar este problema e mesmo assim, escolheram:

  • financiar o negacionismo sobre as alterações climáticas
  • financiar campanhas onde colocam o foco na responsabilidade individual de cada pessoa, transferindo assim o problema no consumo e não na produção, que é a origem do problema

Num motor de busca, escreve “fossil fuel companies knew advertisements denialism” e descobre como nos enganaram, tens imensa informação disponível de várias fontes.

As empresas de combustíveis fósseis, recebem anualmente 13 Milhões de euros por minuto em subsídios públicos.

Deixamos-te alguns vídeos de curta duração que te ajudam a entender melhor o problema e as consequências das alterações climáticas:  

Documentários Legendados: 

Documentários sem Legendas: 

(1) – Quando falamos em clima, falamos de vários climas existentes nos vários locais do planeta. Todos eles estão interligados e dependentes de fatores locais, mas também globais.

O nosso papel é fomentar a compreensão do problema a partir da partilha de informação sintetizada relativa a estudos oficiais sobre alterações climáticas.

Vem tricotar connosco por 1.5! Vê aqui como te podes juntar!