Não temos dúvidas quanto a este facto: temos de reduzir 50% das emissões até 2030, com base nas emissões de 2010, em todo o mundo!
Por isso, defendemos que a mudança não se pode limitar a reduzir as emissões de GEE. A mudança deverá ser estrutural e sistémica.
Devemos ir à origem dos problemas e por isso apresentamos as várias soluções em imagem, texto e deixamos algumas propostas existentes de outros sistemas alternativos consonantes com a justiça climática.
Em imagem:
Em texto:
Aqui, neste site, podes consultar alguns sistemas alternativos consonantes com a justiça climática.
Neste artigo do Gerador, podes também entender caminhos a seguir, bem como uma análise ao sistema em que vivemos.
Resumidamente, um novo sistema tem de:
- Colocar as pessoas e suas necessidades em primeiro lugar
- Considerar os limites ecológicos
- Aplicar abordagens sociais e ecológicas, baseadas nas necessidades básicas
- Enfatizar a cooperação baseada na solidariedade
- Crescimento económico alterado ou mesmo degressivo
- Participação da sociedade nos processos de tomada de decisão política
Teremos de PARAR…
– Cancelar todos os novos projetos de extração de combustíveis fósseis em qualquer lugar no mundo.
– Acabar com os subsídios públicos às empresas de combustíveis fósseis, isto é, dinheiro que os governos dão a estas empresas, por exemplo, sob a forma de isenção de pagamento de impostos (2).
– Reduzir a desflorestação, isto é, o desmatamento de florestas.
– Acabar com a obsolescência programada. Obsolescência programada é quando um produto vem da fábrica e após um tempo – normalmente um tempo curto – deixa de funcionar. O Monitor Global de Lixo Eletrónico prevê que a quantidade de desperdício atinja 81,5 milhões de toneladas em 2030, quase o dobro do que acontecia em 2014 (fonte).
– Reduzir a produção de animais a nível industrial para consumo humano. Alimentamos 70 biliões de animais para consumo humano e não alimentamos todas as pessoas no planeta (7 biliões) fonte.
– Reduzir as monoculturas, bem como a utilização de fertilizantes artificiais.
Teremos de PROMOVER…
– Aumentar a produção de energia renovável e, ao mesmo, descentralizar a produção de energia. A energia do sol e do vento está em todo o lado, por isso é fundamental cada família ter a oportunidade de poder produzir a própria energia e eletricidade que consome em casa.
– Eletrificar os transportes públicos, isto é, ter mais transportes públicos movidos a energia elétrica e menos veículos de combustão (movidos a gasóleo ou gasolina), criando redes de transportes 100% elétrica, proveniente de energia renovável.
– Aumentar a eficiência energética dos produtos, isto é, a relação entre a quantidade de energia consumida por um produto e a quantidade de energia que o produto utiliza para trabalhar. Por exemplo: se uma lâmpada tiver 100% de eficiência energética, toda a energia que ela consome é para dar luz. Mas, as lâmpadas, normalmente, não ultrapassam os 40% de eficiência energética, o que quer dizer que 60% da energia consumida pela lâmpada não é transformada em luz e perde-se em forma de calor.
– Aumentar a eficiência energética dos edifícios e das fábricas. Por exemplo, nos edifícios, se existir um melhor isolamento das janelas, das paredes e do telhado, poupa-se eletricidade (energia) no aquecimento. Se uma casa tiver circulação de ar, poupa-se eletricidade (energia) no ar condicionado.
– Dar formação às trabalhadoras e aos trabalhadores das empresas de combustíveis fósseis sobre produção de energias renováveis, para que não percam os seus postos de trabalho, quando se der a transição.
– Aprofundar a democracia energética. É fundamental produzirmos energia e eletricidade a partir de fontes renováveis e é também importante as pessoas poderem dar a sua opinião e decidir sobre que tipo de energia se produz e onde se produz (assiste a este vídeo e mais a este vídeo sobre democracia energética; observa este mapa sobre democracia energética).
– Restaurar os ecossistemas degradados, danificados ou destruídos, isto é, recuperar o habitat e ajudar a sua regeneração. Isto pode ser feito através da criação de paisagens de retenção das águas da chuva ou da plantação de vegetação nessas zonas.
– Reflorestar áreas ardidas e áreas com pouca biodiversidade. Estas ações devem ser feitas com espécies de árvores nativas e respeitando o princípio de diversidade.
– Aumentar a produção de produtos alimentares locais e por via de projetos de agrofloresta, permacultura e outras técnicas que respeitem a velocidade de regeneração dos solos, para os manter férteis. Estas práticas permitem produzir alimentos e, ao mesmo tempo, respeitar a velocidade de regeneração dos solos.
– Desenvolver formas de Economia Solidária. Criar atividades económicas sustentáveis, geridas em cooperação local entre os seus trabalhadores/as e com o objetivo de permitir e aprofundar relações sociais, promovendo a educação e a cultura.
– Implementar a Economia circular. A redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia são elementos-chave na Economia Circular. Acabar com o que hoje em dia chamamos de “desperdício”, pois tudo pode ser reaproveitado e reutilizado.
– Criar mais cooperativas. Conhece, por exemplo, a Coopérnico, uma cooperativa de energias renováveis, ou a Cooperativa Integral Minga, que tem como objetivo “intervir em todas as áreas necessárias ao viver, tais como a produção, os serviços, a habitação, a saúde e a educação, trabalhando dentro da filosofia do decrescimento.”
– Promover uma democracia mais participativa e com menos concentração de poder. É muito importante que cada pessoa se envolva na política, seja através de partidos políticos ou em associações, movimentos ou coletivos de pessoas. A democracia representativa (sistema democrático que temos) pode e deve ser aprofundada. os cidadão devem poder ser ouvidos com maior frequência, não limitando a sua voz ao voto que ocorre numa periodicidade de 2 em 2 anos.
As alterações climáticas são um problema atual e não um problema do futuro e como tal, temos que lidar com ele agora. Justiça climática é o que nos move! Aproveitar a crise climática para resolver problemas estruturais na sociedade, como a desigualdade, a precariedade, problemas de habitação, entre outros.
MAIS SOLUÇÕES:
Este vídeo explica, em 7 minutos, o plano que a Campanha Empregos para o Clima tem para Portugal reduzir as suas emissões e também criar 200 mil novos postos de trabalho público digno e como pode ser paga esta transição justa.
Também podes ver este vídeo mais curto, com cerca de dois minutos.
E podes ler o relatório completo aqui.
Infográfico – Empregos para o Clima
Vídeo “Inhabitants : Para um Futuro Livre de Petróleo: Empregos pelo Clima (ep. 5)
(2) – Sobre subsídios às empresas de combustíveis fósseis:
- “ Subsídios ao petróleo e carvão atingem 5,2 biliões”
- “Benefícios fiscais para combustíveis fósseis aumentaram 23,5% em 2019”
- “Mais de 5.600 empresas de combustíveis fósseis tiveram pelo menos 3 mil milhões de dólares de ajuda durante a Covid-19, dada pelo governo dos EUA”
- Na UE são mais de 137 mil milhões de euros de dinheiro público por ano, em isenções fiscais ao petróleo, ao gás e ao carvão. Há licenças gratuitas de emissões de CO2 para a indústria pesada (cimento, siderurgia), descontos no gasóleo agrícola e no combustível dos aviões. (Uma comparação: o orçamento total anual da UE é de 155 mil milhões de euros.)
- Vídeo sobre subsídios públicos, do Investigate Europe
- Imagem sobre subsídios públicos no sector da energia, nos países do G20:
Vem tricotar connosco por 1.5! Vê aqui como te podes juntar!