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Notícias, resumos de estudos, eventos extremos recentes, ativismo climático e recomendações
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Notícias
Supremo tribunal, no Reino Unido, considera que novos projetos de combustíveis fósseis, devem ter em conta os seus impactos no clima
O supremo tribunal, no Reino Unido determinou que um conselho local deveria ter considerado o impacto climático completo da queima de novos poços de petróleo, numa decisão marcante que pode colocar em dúvida futuros projetos de petróleo e gás no Reino Unido. Tradicionalmente, a lei só considerava os impactos da construção dos poços e não o uso final dos produtos petrolíferos.
Os juízes do supremo não ordenaram que o conselho de Surrey rejeitasse a proposta dos novos poços de petróleo, mas decidiram que ele deveria ter considerado as emissões posteriores, conhecidas como emissões a jusante. Este precedente não impede novas perfurações, mas obriga as empresas a considerar essas emissões em futuros projetos. Este caso específico refere-se do poço de petróleo Horse Hill, cuja expansão foi autorizada em 2019.
O Reino Unido tem em processo de aprovação centenas de novos projetos de combustíveis fósseis, como o campo de petróleo Rosebank e a mina de carvão proposta em Whitehaven, Cumbria.
Fundos públicos europeus de modernização estão a financiar a expansão de combustíveis fósseis
Na última rodada de financiamento, em 24 de junho, o fundo de modernização da UE aprovou quase 600 milhões de euros para projetos de incineração de resíduos e de gás fóssil. O fundo deveria ser destinado a apoiar a transição energética na Europa Central e Oriental.
A incineração de resíduos, embora gere energia, também requer a utilização de gás fóssil ou diesel para melhorar a combustão e produz resíduos tóxicos. Além disso, foram destinados 23,4 milhões de euros para centrais de energia a gás na República Checa e dois gasodutos na Roménia, enquanto a Eslováquia recebeu 15 milhões de euros para potencial desenvolvimento de centrais a gás.
Renováveis com maior peso de sempre no consumo de eletricidade no 1.º semestre, em Portugal
A produção de energia renovável abasteceu 82% do consumo de eletricidade no primeiro semestre, a contribuição semestral mais alta de sempre.
Segundo a REN, a energia hidroelétrica foi responsável por 39% do abastecimento do consumo, a eólica por 28%, a fotovoltaica por 9% e a biomassa 6%, enquanto a produção através de gás fóssil foi responsável por 8%, com os restantes 10% a corresponderem ao saldo importador.
Nos primeiros seis meses do ano, o consumo de eletricidade ficou 1,6% acima do verificado no mesmo período do ano anterior.
Ativistas climáticos condenados a pena de prisão efetiva, por ação não violenta, no Reino Unido
Cinco ativistas climáticos, membros do grupo Just Stop Oil, foram condenados a pena de prisão por organizar protestos que paralisaram parte da autoestrada M25 durante quatro dias em novembro de 2022. As penas de prisão foram de 5 anos para um deles e 4 anos para os restantes. A prova principal foi uma chamada de zoom, gravada por um jornalista, organizada pelo grupo para recrutar novas pessoas para a ação.
Esta condenação aconteceu na semana seguinte a várias rusgas e detenções feitas pela polícia, no Reino Unido, a ativistas por “supostamente” estarem a planear a interrupção do normal funcionamento de aeroportos durante o verão. Ativistas foram detidos em casa de familiares, na rua ou nas suas próprias casas, antes sequer de algum crime ter sido cometido.
BBC, 18/07/2024
Portugal planeia investir 395 milhões de euros em novas infraestruturas de gás fóssil
O Plano de Desenvolvimento e Investimento nas Redes de Distribuição de Gás (PDIRG-D) para o período 2025-2029, pretende expandir a rede de gás fóssil através do investimento de 395 milhões de euros.
O plano prevê a construção de 1.380 quilómetros de nova rede e a ligação de 100 mil novos pontos de consumo doméstico. Estes investimentos foram propostos pela REN Portgás Distribuição, S.A., pela Sonorgás, S.A. e pelo Grupo Floene.
Os oceanos estão a aquecer tão rápido, que alguns cientistas estão a pedir que se defina uma nova categoria para a classificação dos furacões – a categoria 6
O furacão Beryl, que atingiu o Texas após causar destruição no Caribe, foi intensificado por temperaturas oceânicas excepcionalmente altas. O furacão Beryl deixou mais de 2 milhões de pessoas sem energia ao chegar perto de Houston como uma tempestade de categoria 1, após ter atravessado o Caribe como um furacão de categoria 5, com ventos de até 265 km/h, matando 11 pessoas.
A intensificação rápida do furacão foi facilitada pelo aquecimento anormal das águas oceânicas devido à crise climática, fornecendo energia extra à tempestade nos últimos 10 dias.
Alguns cientistas sugerem a criação de uma nova classificação de furacões “categoria 6” para tempestades acima de 192 mph, pois estes serão cada vez mais frequentes.
Eventos Extremos
África
Na Etiópia, o número de mortes resultantes do deslizamento de terras em Gofa pode chegar a 500 pessoas.
América
Na Bolívia, as autoridades de Santa Cruz declararam estado de emergência devido ao calor extremo e aos incêndios que se tornam cada vez mais difíceis de travar devido à escassez de combustível.
O furacão Beryl deixou um rasto de devastação em vários países das caraíbas e deixou 3 milhões de pessoas sem eletricidade no Texas, no pico dos apagões que duraram vários dias. Especialistas alertam para o aumento do risco de tempestades cada vez mais frequentes, considerando o facto deste furacão ter tido consequências tão profundas ainda no início da época das tempestades.
Ásia
O tufão Gaemi atingiu o sudeste asiático, principalmente as Filipinas e Taiwan, provocando perdas de vidas e destruição de infraestruturas. Um navio petroleiro foi atingido ao largo da baía de Manila o que provocou 25 mortes e um derrame de petróleo com cerca de 4km de extensão. No este da China, mais de 200 mil pessoas foram evacuadas de suas casas como precaução e em Taiwan mais de 270 pessoas ficaram feridas.
A China tem também experienciado chuvas intensas e generalizadas desde o início da estação chuvosa. Já se registaram seis mortes, mais de 10.000 evacuações e 40.000 pessoas afetadas, bem como graves perturbações nos serviços ferroviários e nos transportes.
Estudos Científicos e Relatórios
A atual produção de gás fóssil é suficiente para a UE atingir os seus objetivos climáticos até 2040, no entanto ainda são aprovados novos projetos de importação
A procura de gás fóssil na União Europeia deverá cair 66% até 2040, conforme a meta de redução de emissões de gases de efeito estufa proposta pela Comissão Europeia. Com base nessa projeção, as reservas de gás existentes na U.E., Noruega e Argélia, juntamente com contratos de longo prazo já acordados, serão suficientes para atender à procura, sem necessidade de novos projetos de extração ou contratos adicionais.
Em 2040 os terminais de importação de gás fóssil (terminais de GNL) vão operar a apenas 19% da sua capacidade, no entanto, novos projetos de expansão de importação de gás estão previstos para entrar em operação entre 2026 e 2030, mesmo com a oferta de gás já a ultrapassar a procura prevista a partir de 2027.
Zero Carbon Analytics, 16/06/2024
Seis meses de desastres climáticos depois da COP 28
Um novo relatório da Christian Aid revela que os eventos extremos em 2024 já causaram mais de 41 biliões de dólares em danos nos seis meses desde a última COP. Apenas quatro eventos climáticos extremos, resultaram em mais de 2.500 mortes, afetando milhões de pessoas, principalmente em países que pouco contribuíram para a crise climática.
Os desastres incluem enchentes no Brasil, que causaram 169 mortes e 7 biliões de dólares em danos, e ondas de calor na Ásia que mataram mais de 1.500 pessoas.
O relatório também apela para o fim da expansão de combustíveis fósseis, o investimento em energias renováveis e na adaptação.
Relatório sobre os planos nacionais de energia e clima na Europa Central e Oriental revelam que:
• Nenhum dos 8 Estados-Membros estabeleceu um plano para eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis ou para eliminar o gás fóssil
• Todos os 8 Estados-Membros estão a investir em infraestruturas de gás fóssil.
• Bulgária, República Checa e Eslováquia planeiam aumentar o seu consumo de gás
• Estônia, Letônia e Romênia planeiam manter um nível semelhante de consumo de gás em 2030 de acordo com seus cenários, o que parece improvável, pelo menos no caso da Roménia, considerando os biliões de dinheiro público alocados para novos projetos de infraestruturas de gás.
Uso de combustíveis fósseis bate recordes, apesar do crescimento das energias renováveis
O relatório anual do Energy Institute revela que, em 2023, o consumo global de combustíveis fósseis alcançou um recorde histórico, atingindo 505 exajoules, o que impulsionou as emissões de CO2 a mais de 40 gigatonnes pela primeira vez.
Apesar do aumento recorde na geração de eletricidade a partir de fontes renováveis, que subiu 13% no último ano, o crescimento da procura global por energia primária fez com que a dependência de carvão, gás e petróleo continuasse a aumentar. A energia renovável, embora tenha alcançado novos patamares, não foi suficiente para compensar o aumento do consumo de fósseis, que representaram 81,5% da energia primária mundial.
Energy Institute, Junho de 2024
Conexões diretas de comboio entre grandes cidades europeias poderiam ser mais que triplicadas utilizando as linhas existentes
Uma análise conduzida pela Greenpeace revelou que, das 990 rotas entre 45 grandes cidades europeias, apenas 12% são servidas por conexões diretas de comboio. O relatório indica que, 31% das rotas analisadas poderiam ser cobertas por comboios diretos utilizando as vias existentes, mas atualmente não o são.
O relatório também destaca uma discrepância significativa entre as conexões de comboio e avião, com quase seis vezes mais voos diretos disponíveis do que comboios diretos nas mesmas rotas. A análise apontou que nenhuma das cidades examinadas está a explorar totalmente o seu potencial para serviços de comboio diretos. Cidades como Viena, Munique e Paris, embora bem conectadas, ainda têm espaço para expandir as suas rotas diretas.
Incêndios florestais extremos duplicaram nos últimos 20 anos em todo o mundo
Com recurso a dados de satélite, os investigadores estudaram cerca de 3.000 incêndios florestais com enorme “poder radioativo” – a quantidade de energia emitida pela radiação – entre 2003 e 2023 e descobriram que a sua frequência aumentou por um fator de 2,2 durante este período.
Os seis anos mais extremos em intensidade e frequência de incêndios florestais ocorreram desde 2017, concluíram os autores do estudo. O estudo cita, em particular, um trabalho segundo o qual a poluição do ar devido aos ‘megaincêndios’ em 2015 na Indonésia levou a uma mortalidade excessiva de 100.000 pessoas.
Recomendações
Reportagem – Rio em fluxo: o impacto das mudanças do clima na Amazónia – Reportagem de Daniel Grossman, sobre os impactos das alterações climáticas na Amazónia. Vídeo disponível no fim da reportagem
Livro – The transition handbook – Livro de Rob Hopkins, que aborda a dependência do petróleo e a resiliência local. Este livro orienta as comunidades a iniciarem uma jornada transição para fora da dependência dos combustíveis fósseis.