Newsletter Fevereiro 2024

Notícias, resumos de estudos, eventos extremos recentes, ativismo climático e recomendações

Olá!
Estamos de volta para te falar de algumas notícias e eventos importantes do último mês. Como sempre, se tiveres sugestões ou feedback podes enviar um email para info@linhavermelha.org.
Não te esqueças de ficar com atenção ao nosso site e redes sociais para saberes quando acontecerão os nosso próximos eventos e vem tricotar (ou crochetar) connosco por justiça climática!
Até breve,João e Carolina

Nota: Todas as palavras sublinhadas são links externos, fontes de notícias, estudos, ou outras referências.

Noruega concede 62 licenças para explorar combustíveis fósseis a 24 empresas
O governo norueguês aprovou 29 licenças no Mar do Norte, 25 no Mar da Noruega e 8 no Mar de Barents.
Países continuam a emitir licenças para explorar mais combustíveis fósseis, quando as reservas que já existem, aos consumos atuais, servem para mais de 40 anos. 
Energy Watch, 17/01/2024

Galp prevê atingir produção recorde de petróleo e gás em 2026
A petrolífera prevê produzir um total de 155 mil barris diários a partir de 2026, enquanto anuncia que prevê explorar mais poços de petróleo na Namíbia, conforme notícia do ECO de 12 de fevereiro
Lucro recorde
Enquanto isto, a Galp obteve um lucro de 1.002 milhões de euros em 2023, batendo os 881 milhões que tinha registado em 2022, e que tinham sido os maiores da sua história.
A administração da petrolífera vai propor à assembleia geral de acionistas aumentar o dividendo em 2024 para 54 cêntimos por ação, à semelhança do que tem vindo a fazer nos últimos dois anos.
Jornal Económico, 14/02/2024

Barcelona declara emergência por seca e começa a trazer água por barco
O governo espanhol está a tomar medidas rigorosas para restringir o uso de água, com 80% da população a ser afetada por restrições. As restrições passam por não utilizar água para lavar um carro, regar um jardim ou encher uma piscina.
Enquanto implementa estas medidas, decidiram também começar a trazer água em navios-tanque desde o rio Ebro para a região de Tarragona, onde será usada para abastecer os reservatórios.
Euronews, 01/02/2024

A Shell enfrenta uma rebelião de acionistas devido a uma resolução proposta por ativistas climáticos
Vinte e sete investidores, incluindo o maior fundo de pensões do Reino Unido, concordaram em apoiar a resolução apresentada pelos acionistas holandeses da Follow This. Essa resolução exige que a empresa de petróleo alinhe as suas metas de redução de emissões de médio prazo com o Acordo de Paris de 2015.
A Follow This é uma organização sem fins lucrativos com mais de 10.000 membros, com sede em Amesterdão. O grupo de investidores detém cerca de 5% das ações da Shell e inclui o National Employment Savings Trust (Nest), que administra as pensões de quase um quarto dos trabalhadores do Reino Unido.
The Guardian, 16/01/2024

A indústria dos combustíveis fósseis sabia do perigo da crise climática já em 1954, mostram novos documentos
Depois de outras fugas de documentos revelarem que a Shell, a BP, a Exxon e outras petrolíferas já sabiam que o seu negócio causaria a crise climática, agora um novo documento veio revelar que a indústria de combustíveis fósseis teve envolvimento no início da ciência climática moderna, ao mesmo tempo em que negava publicamente essa ciência.
Estes documentos são uma prova de que, pelo menos desde 1954, a indústria de combustíveis fósseis estava ciente do potencial que o seu negócio tinha para influenciar negativamente a estabilidade do clima e a vida de milhões de seres humanos. 
The Guardian, 30/01/2024

Reino Unido distribui 24 novas licenças de petróleo e gás no Mar do Norte
O regulador do Mar do Norte autorizou que 17 empresas petrolíferas, incluindo a Shell e a BP, recebessem licenças nas áreas do Mar do Norte para explorar combustíveis fósseis.
As licenças mais recentes, seguem-se a outras parcelas iniciais de 27 licenças oferecidas em Outubro do ano passado. Estas poderão começar a produzir petróleo e gás antes do final da década, de acordo com a autoridades.
Isto acontece quando se sabe que para cumprir o limite de limitar o aquecimento global em 1.5ºC, as empresas não poderão explorar mais do que 60% das suas reservas atuais de combustíveis fósseis. 
The Guardian, 31/01/2024

Europa
Em Portugal, a onda de calor registada no final de janeiro foi considerada pelo IPMA a mais significativa onda de calor a acontecer em janeiro desde que há registos.

África
No Sudão do Sul as cheias têm dificultado os esforços de profissionais de saúde na promoção de vacinação e combate a uma epidemia de hepatite E.
Chuvas torrenciais e cheias continuam a afetar o Congo naquele que é o nível de águas mais alto deste rio dos últimos 60 anos. Já há mais de 500.000 pessoas deslocadas e as populações e equipas de ajuda humanitária têm organizado campos de acolhimento temporário provocados pelo evento que o governo designou como uma catástrofe hidrológica e ecológica.
Mais notícias sobre as cheias no Congo aqui.

Ásia e Oceania
A 18 de fevereiro a China bateu o recorde de maior diferença entre mínimo e máximo de temperaturas num país: na região de Xinjiang, oeste da China, as temperaturas atingiram os -52.3º C (um recorde em si para a região) e em Badu, no sul, a temperatura máxima foi de 38ºC – uma diferença de 90.3ºC.
Na Austrália, permanece a preocupação com os incêndios. Na região de Victoria a área ardida já chegou a 20 800 hectares.

América
O Brazil, a Bolívia e o Peru têm sido afetados por cheias severas que têm provocado vários danos e pessoas deslocadas.
Incêndios florestais no Chile provocaram 123 mortes e devastando ecossistemas, infraestruturas, serviços essenciais e bairros residenciais.

A circulação do Oceano Atlântico aproxima-se de um ponto de não retorno “devastador”
O colapso do sistema de correntes que ajuda a regular o clima global ocorreria a uma velocidade tal que a adaptação seria impossível. O estudo refere que a Amoc (Atlantic Meridional Overturning Circulation) já está no caminho para uma mudança abrupta, o que não acontecia há mais de 10.000 anos e teria implicações terríveis para grandes partes do mundo.
A Amoc, que abrange parte da Corrente do Golfo e outras correntes poderosas, é uma corrente transportadora marítima que transporta calor, carbono e nutrientes dos trópicos em direção ao Círculo Polar Ártico, onde arrefece e afunda nas profundezas do oceano.
Esta agitação ajuda a distribuir energia pela Terra e modula o impacto do aquecimento global causado pelo homem. A Amoc diminuiu 15% desde 1950 e está no seu estado mais fraco em mais de um milénio.
Science, 09/02/2024

Relatório anual da água – 2023
O ano começou com fortes chuvas e inundações contínuas nas Filipinas e no oeste dos EUA. Em Fevereiro, tempestades ciclónicas atingiram Madagáscar, Malawi e Moçambique, no sudeste de África, enquanto fortes chuvas causaram inundações e deslizamentos de terra no sudeste do Brasil. Em Abril, o Sudeste Asiático foi atingido por uma onda de calor em grande escala, seguida pelo ciclone Mocha em Myanmar. A primeira metade do ano também registou condições extremamente secas no norte da Argentina e regiões próximas e no sudoeste da Europa.
A humidade relativa do ar foi a segunda mais baixa já registada, continuando a tendência de condições médias e extremas mais secas.
Os caudais dos rios foram ligeiramente inferiores aos do ano anterior.
Global Water Monitor, fevereiro de 2024

As energias renováveis estão a impulsionar o crescimento do emprego no setor energético
O número de empregos no sector energético global aumentou em 2022, à medida que o investimento crescente em tecnologias de energias renováveis impulsionou a procura de novos trabalhadores em todas as regiões do mundo, de acordo com um novo relatório da AIE que oferece uma referência para o emprego em todas as indústrias energéticas.
O emprego global no setor energético aumentou para 67 milhões de pessoas em 2022, um aumento de 3,5 milhões em relação aos níveis pré-pandemia.
A energia solar fotovoltaica é de longe o maior empregador, representando 4 milhões de empregos.
As energias renováveis representam mais de metade do total de empregos no setor energético, tendo ultrapassado os combustíveis fósseis em 2021.
Agência Internacional de Energia, novembro de 2023

Gronelândia perde 30 milhões de toneladas de gelo por hora, revela estudo
O total é 20% maior do que se pensava e pode ter implicações no colapso das correntes globalmente importantes do oceano Atlântico Norte. O estudo, publicado na revista Nature, utilizou técnicas de inteligência artificial para mapear mais de 235 mil posições finais de glaciares ao longo de um período de 38 anos, com uma resolução de 120 metros. Isto mostrou que o manto de gelo da Gronelândia tinha perdido uma área de cerca de 5.000 quilómetros quadrados de gelo nas suas margens desde 1985, o equivalente a um bilião de toneladas de gelo.
A atualização mais recente de um projeto que compara todas as outras medições do gelo da Gronelândia descobriu que 221 bilhões de toneladas de gelo foram perdidas todos os anos desde 2003. O novo estudo acrescenta mais 43 bilhões de toneladas por ano, fazendo com que a perda total seja de cerca de 30 milhões de toneladas por hora. média.
Nature, janeiro de 2024

República Democrática do Congo (RDC) – combustíveis fósseis e energia – relatório
A RDC alberga cerca de 60% da segunda maior floresta tropical do planeta. Embora os solos e as florestas do país ainda sejam um sumidouro de carbono, as alterações na utilização dos solos libertam grandes volumes de dióxido de carbono (CO2) e tornam a RDC o 12.º maior emissor de gases com efeito de estufa do mundo, em 2018.
Apesar das suas elevadas emissões, o país enfrenta uma pobreza generalizada e apenas um quinto da população tem acesso à eletricidade. Como resultado, quando se consideram apenas os combustíveis fósseis e a indústria, tem a pegada de carbono per capita mais baixa do mundo.
Cerca de 99 milhões de pessoas de mais de 200 grupos étnicos diferentes vivem na RDC, colocando-a entre os países mais populosos e culturalmente diversos do mundo.
CarbonBrief, fevereiro de 2024

DocumentárioGasland – Um documentário sobre as consequências da exploração de gás fóssil nos EUA.

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