Na sequência de um artigo da revista Sábado, intitulado “As matrioscas do activismo verde”, publicado na edição n.º 741, de 12 de Julho de 2018, e que no site da revista foi republicado com o título “Os curiosos protagonistas do activismo verde”, a Academia Cidadã emitiu o seguinte direito de resposta:
1 – Foi com surpresa que a Associação Academia Cidadã (AC) viu o seu nome e o de um dos seus projetos – a Campanha Linha Vermelha – referidos no artigo “As matrioscas do activismo verde”, publicado na vossa edição n.º 741, de 12 de Julho de 2018, e que no vosso site foi republicado com o título “Os curiosos protagonistas do activismo verde”. A Academia Cidadã é uma organização sem fins lucrativos, registada a 15 de maio de 2012, com o número de pessoa coletiva 510282210, dispondo de contabilidade organizada. A Academia Cidadã tem por objetivo impulsionar a cidadania ativa e a construção de raízes de desenvolvimento com princípios de sustentabilidade social, económica e ambiental. Além do projeto Campanha Linha Vermelha, a Academia Cidadã desenvolve outros projetos sobre o direito à habitação, direitos LGBTI, ambientais e de empoderamento de jovens em territórios socioeconomicamente desfavorecidos. Toda esta informação, incluindo os nossos contactos, órgãos sociais, relatórios de atividades e de contas, estão disponíveis no nosso sítio de internet: www.academiacidada.org.
2 – A Campanha Linha Vermelha é uma campanha de informação sobre alterações climáticas e ambiente. O seu público-alvo são pessoas não-ativistas, particularmente idosas e jovens, com pouco acesso a informação sobre temáticas ambientais. Tricotar como mote para conversar sobre assuntos sérios é o objetivo. Neste momento, trabalhamos a temática da exploração de hidrocarbonetos, porque sabemos que há falta de informação e conhecimento. Trabalhamos com pessoas de todo o país, de todos os espectros políticos democráticos, religiões e crenças. A Campanha Linha Vermelha foi criada pela Academia Cidadã, com o apoio do movimento Climáximo, em 2016. Funciona de forma horizontal e a ela juntam-se voluntariamente pessoas que não têm de ter qualquer relação com a AC ou o Climáximo e que apenas querem participar neste projeto e nas suas atividades concretas. Foram estabelecidas parcerias com todos os movimentos e grupos mencionados neste artigo, quer aqueles que a jornalista considera “sérios”, como o GEOTA, quer com os movimentos informais e de cidadãos como a ALA e o Futuro Limpo.
3 – Não obstante o carácter oficial e registado da Academia Cidadã, acreditamos nos movimentos de cidadania, formais ou informais, ou em qualquer outro tipo de participação cívica espontânea e não registada. A Academia Cidadã nasceu do Protesto da Geração à Rasca, a maior manifestação política alguma vez organizada em Portugal sem qualquer apoio de partidos ou sindicatos. Vivemos numa Democracia onde as pessoas são livres de expressar opiniões, de formar coletivos de qualquer tipo, em qualquer tipo de plataforma, seja na rua ou na internet. Este tipo de participação é fundamental para o desenvolvimento de uma Democracia saudável.
4 – Ao contrário do que recomenda a mais elementar prática profissional, Maria Henrique Espada não contactou nenhum responsável da Academia Cidadã ou da Campanha Linha Vermelha para obter respostas às suas dúvidas. Seria importante que relembrasse o Estatuto Editorial da revista para a qual trabalha: “A Sábado desenvolve a sua atividade editorial com absoluta liberdade e rigor(…)”; “A Sábado assume que o dever de informar deve ter como fronteira o direito de todo e qualquer cidadão ao seu bom nome e imagem” ou “A Sábado, e todos os seus trabalhadores, revêem-se nos principais documentos que regem a atividade jornalística: Código Deontológico, estatuto do Jornalista e Lei de Imprensa, entre outros”. E, acima de tudo, que cumprisse com dignidade o Código Deontológico de Jornalistas, nomeadamente, no seu artigo 1.º: “O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.”
5 – O artigo é escrito de forma sarcástica, num tom que levanta suspeitas e cria confusão sobre os vários coletivos informais que têm protagonizado a luta contra a exploração de petróleo e gás em Portugal. Resulta claro que o seu objetivo tem dois propósitos: criar desconfiança e lançar a divisão entre os movimentos anti-petróleo/gás e a desqualificação dos mesmos perante a opinião pública. A autora não só não ouve as partes atendíveis como distorce as palavras das pessoas com quem fala, como se comprova pelo Direito de Resposta que o GEOTA divulgou publicamente sobre o artigo mencionado. Mais estranho é que a autora – com carteira profissional há muitos anos e uma vasta rede conhecimentos – nem sequer se tenha dignado a fazer o mínimo esforço de contacto. O email de Maria Henrique Espada está na base de dados de jornalistas que recebem os Comunicados de Imprensa da Academia Cidadã. E todos esses comunicados seguem sempre com contactos telefónicos. Bastava-lhe, simplesmente, entrar na sua conta de email, procurar as palavras “Academia Cidadã” e encontraria um número de telefone e uma pessoa com quem falar.
6 – É curioso – e preocupante – que uma jornalista de política, com funções de edição, procure tudo menos esclarecer quem lê a Sábado, sobre diferentes conceitos e formas de atuar politicamente. A autora mistura, a nosso ver propositadamente, tipologias, enquadramentos legais, objetivos e a forma de atuar de associações, coletivos informais, campanhas, ativismo online e participação política sem filiação partidária. Termina o texto não explicando as diferenças e formas de atuação dos diferentes grupos que refere. Podia ter aproveitado para enquadrar estas novas formas de intervir politicamente usando as redes sociais, explicando a sua origem, falando das Primaveras Árabes, da democratização da ação política, que saiu da esfera dos sindicatos e dos partidos. Talvez ler a revista TIME, na sua edição sobre a figura do ano 2011, ajude a autora a entender este “novo mundo” em que apenas os e as profissionais da política tinham voz e espaço nos média. Maria Henrique Espada parece ter parado nesse tempo. É pena. Numa próxima oportunidade, recomendamos que saia da redação para observar e falar com as pessoas e os movimentos e coletivos sobre os quais escreve. Ficará certamente com um conceito bem mais alargado do que é a política. E também o jornalismo.
A presidente da Academia Cidadã,
Leonor Duarte